quarta-feira, maio 24, 2006


Sinto o sol indo
E a noite chegando
Impiedosa
Leva-me a revelar
meus sonhos secretos
de forma branda
imponente
real!
Ando para lá e para cá
Rodopio pelos caminhos tortuosos
Tá escuro!
Só há luz nos teus olhos.
Olhos que me vêem
que enxerga o que quero dizer.
Ouço passos em minha direção
sou eu correndo para mim
vagueio!
Ponho-me a comtemplar
o sentido de ser.
Meu corpo segue
Passo a passo
lentamente
sigo o som da música
não vejo nada
sinto um cheiro
é o amor que toma meu corpo
Danço.
Sorrio.
Me acalento.
Me elevo.
Me encho de esperança.
LP - 24/05/2006

terça-feira, maio 23, 2006

" calma,
só te peço calma
deixe que o tempo
seja seu guia
deixe que o guia
seja cego
deixe que a alma
flutue no tempo
a alma é a essencia
a alma é o sentimento
a alma é a própria paz
ela sim tem calma"

quinta-feira, maio 18, 2006

Hoje eu quero encontrar alguém
só pra falar bobagem
Falar que o dia tá chuvoso
Falar tolice
Falar do belo
Aceitar a alegria.
Viver.
Quero encontrar alguém
só por encontrar
só pra dizer
que bom que te encontrei
que bom que é assim
pura emanação do bem.
o amor muda de cor
as vezes desbota
corre,
vai lá,
vê se tem algo
guarda a imagem
se não tá tudo errado.
Acende a luz
Quero te ver
Vem ouvir o samba
eu vou te largar
vem ouvir uma música
pode acreditar
isso é amor. LP

quarta-feira, maio 17, 2006


A ordem agora é morrer nas próprias casas. Uma das frases que mais me marcaram nas últimas semanas foi justamente a frase dita por Sara Joanna Gould, uma americaninha de 21 anos que tá fazendo intercâmbio no Brasil. Ela falou pra Revista da Folha: "O que me surpreende não é a pobreza, comum na América Latina, mas sim a riqueza, o número de milionários em um país como o Brasil".Sacaram? Vocês que agora estão escondidos em suas casas, com medo de saírem às ruas pra tomar uma inocente cerveja ou pra ir a um cinema depois de um dia cansativo de trampo e pavor? Vocês sacaram que isso que vocês estão passando nesse momento é rotina nas favelas cariocas? O toque de recolher, o abaixar as portas, o rezar baixinho pra que ninguém ouça. Às vezes tão baixinho que nem Deus ouve. E a gente faz de conta que tá acontecendo longe daqui, num país distante de alguma fábula de terror. E agora você tá vendo os busões incendiados, as estações de metrô metralhadas, e você tá dentro do trem fantasma.E você pergunta pra mim o que eu penso disso? Eu não sou político, não faço parte de nenhuma igreja, não sou banqueiro nem empresário. Não lucro com nenhuma espécie de proibição. Mas tem gente lucrando, não tem? O pouco dinheiro que ganho trabalhando é pra pagar as contas e comprar livros. E você vem perguntar pra mim o que eu acho disso? Você acha que isso aí é só uma guerra de polícia e bandido? Faz a autópsia da situação, brother. Com atitudes meia-boca não vai acontecer nada de fato. Não vou gastar meus 1.600 toques com palavrório empolado. Libera tudo, meu irmão, divide o bolo, libera as drogas, a pirataria e a putaria, deixa todo mundo trabalhar livremente e ser o dono de suas próprias vidas.Oportunidade pra todo mundo melhorar de vida. Iguala as condições pra batata não assar. Mas é claro que isso não vai acontecer, não é? Então não perguntem pra mim o que acho disso. Nunca perguntem para alguém libertário como eu o que acho de algo assim. Você tá com a bunda no inferno e quer manter a dita refrigerada?Eu tô em casa, mas prefiro optar por não morrer aqui. Ainda posso fazer isso. Vou sair pra tomar uma cerveja. Se eu ainda tivesse um pai, arrastava ele comigo. Meu nome é Mário Bortolotto e não existe nada de que eu goste mais do que um pingado e um pão com manteiga depois de uma noite de sinuca.
>>Mário Bortolotto é dramaturgo, diretor de teatro e ator.>>

terça-feira, maio 16, 2006

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa, 1931.